
Da minha infância, lembro dos brinquedos de madeira, as bolinhas de gude, pipas, bolas, passeios pelo campo e banhos de rio. Lembro-me, também, de algumas imagens, de passeios familiares, de primos e primas reunidos, e de algumas fotos que eram retocadas com tinta - recurso muito usado na época - de outras fotos de quando era nenê, fotos estas que eram divididas em quadros, em poses diversas em meio a estrelas vazadas. Desse tempo, lembro-me de uma foto, as “famosas” fotos com animais, eu muito pequeno, nos meados de 1977, com uma galinha branca nas mãos. Essa foto é de um domingo, os quais eram marcados pelas festas de igreja, com maionese, churrasco, mesa enfeitada com papel kraft, missa, jogo de bingo, personalidades da comunidade, crianças correndo por todos os lados, e o refrigerante krush, ou caçulinha; não posso esquecer também do futebol. Diria que isto é o que está ausente na foto, o fora de campo; mas também tem o espaçotempo contido no positivo da fotografia. Quando vi a fotografia parecia ter vivido novamente o que estava no fora de campo e que não está presente no campo da imagem, assim como o que estava na imagem; isso indica que o que está presente é tão importante quanto o que está ausente na fotografia.
No livro de Roland Barthes A câmara clara, ele nos convida a pensar a fotografia de duas maneiras, que aqui vou traduzir como um olhar aproximado e um olhar distanciado. O primeiro é quando olho a fotografia bem próximo dos meus olhos; já o segundo é quando me distancio daquilo que olho. Se pensarmos a partir das pesquisas nos/dos/com os cotidianos, sobre o que Barthes recomenda, entendemos o olhar a imagem como esse entre-lugar, que transita entre o distanciamento e a aproximação, como um intervalo, uma pista, um terceiro acontecimento se assim podemos falar. Na esteira de seu pensamento ele apresenta as figuras do Spectator (aquele que observa a fotografia), na relação com o Spectrum (aquilo que está contido na fotografia); eu me atrevo a colocar isto numa possibilidade de encontro; encontro entre o observador e o espetáculo contido na imagem fotográfica - visivelmente um outro acontecimento - enfim temos três acontecimentos, a foto e sua positividade, o que está fora da foto, e o que a foto me causou.
É interessante pensar que o que está presente nas fotografias pode ser entendido como reprodução mimética do real, como “des” construção do real, e como indício de um real (Dubois, 2004). Se voltarmos aos três acontecimentos, posso pensar que aquela foto minha é real, porque eu existo, eu sou a foto, entretanto, o que vivi durante o acontecimento da foto não está na foto, está em mim, e assim é uma desconstrução de um tempo. De outro modo ela indica que eu existo e que o que está na foto me dá pistas para pensar aquele espaçotempo como rede de conhecimento e saberes que transcendem a imagem como objeto universal de sentidos e significados. E isso me coloca outras questões, me coloca em movimento quando penso em imagens no campo teóricometodológico das pesquisas em Educação. É necessário que eu escreva sobre uma imagem? Indagar a imagem com perguntas que só fazem sentido para mim? Ou então colocar uma legenda para “contextualizar” o que está sendo visto pelo observador? Estas questões me perseguem, e não irei respondê-las, pois acredito que as perguntas são minhas, mas elas me colocam no sentido de entender que as imagens que freqüentam os nossos cotidianos têm uma multiplicidades de sentidos, significados, e que elas são fios possíveis de serem alinhavados pelos praticantes dos cotidianos que tem nas imagens um tecido muito interessante para costurar o conhecimento.
REFERÊNCIAS
– DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico. São Paulo : Editora Papirus, 2004.
– BARTHES, Roland. A câmara clara. São Paulo : Editora Nova Fronteira, 1984.
No livro de Roland Barthes A câmara clara, ele nos convida a pensar a fotografia de duas maneiras, que aqui vou traduzir como um olhar aproximado e um olhar distanciado. O primeiro é quando olho a fotografia bem próximo dos meus olhos; já o segundo é quando me distancio daquilo que olho. Se pensarmos a partir das pesquisas nos/dos/com os cotidianos, sobre o que Barthes recomenda, entendemos o olhar a imagem como esse entre-lugar, que transita entre o distanciamento e a aproximação, como um intervalo, uma pista, um terceiro acontecimento se assim podemos falar. Na esteira de seu pensamento ele apresenta as figuras do Spectator (aquele que observa a fotografia), na relação com o Spectrum (aquilo que está contido na fotografia); eu me atrevo a colocar isto numa possibilidade de encontro; encontro entre o observador e o espetáculo contido na imagem fotográfica - visivelmente um outro acontecimento - enfim temos três acontecimentos, a foto e sua positividade, o que está fora da foto, e o que a foto me causou.
É interessante pensar que o que está presente nas fotografias pode ser entendido como reprodução mimética do real, como “des” construção do real, e como indício de um real (Dubois, 2004). Se voltarmos aos três acontecimentos, posso pensar que aquela foto minha é real, porque eu existo, eu sou a foto, entretanto, o que vivi durante o acontecimento da foto não está na foto, está em mim, e assim é uma desconstrução de um tempo. De outro modo ela indica que eu existo e que o que está na foto me dá pistas para pensar aquele espaçotempo como rede de conhecimento e saberes que transcendem a imagem como objeto universal de sentidos e significados. E isso me coloca outras questões, me coloca em movimento quando penso em imagens no campo teóricometodológico das pesquisas em Educação. É necessário que eu escreva sobre uma imagem? Indagar a imagem com perguntas que só fazem sentido para mim? Ou então colocar uma legenda para “contextualizar” o que está sendo visto pelo observador? Estas questões me perseguem, e não irei respondê-las, pois acredito que as perguntas são minhas, mas elas me colocam no sentido de entender que as imagens que freqüentam os nossos cotidianos têm uma multiplicidades de sentidos, significados, e que elas são fios possíveis de serem alinhavados pelos praticantes dos cotidianos que tem nas imagens um tecido muito interessante para costurar o conhecimento.
REFERÊNCIAS
– DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico. São Paulo : Editora Papirus, 2004.
– BARTHES, Roland. A câmara clara. São Paulo : Editora Nova Fronteira, 1984.
Obs. Esse texto foi publicado no número I do Jornal Eletrônico Educação e Imagem, que está linkado no título deste post....abraços
18 comentários:
estimulosesentidos.blogspot.com/
Esse é o blog do meu grupo :)
Mariana, Diego, Magna, Eliton, Gabriela e Eu (José Jorge)
Tudo de bom!
passei aqui pra deixar o endereço do nosso blog... aliás, já pensou em ganhar uma grana já que vc traz cada vez mais usuários para dentrodo blogger??? rsrsrsrssr
Abraços
hahahahahah....boa idéia...eu vou falar com os caras que inventaram isso...hehehehe...aí a gente divide...hehehhehe
Ei,
aí está nosso blog também!
Sem educação = Eu (Franciane Junqueira), Gisele Calamara, Clarisse Rangel, Samitri Bará e Jessica Orem
beijos
e tome jeito!
rs
Oi, professor!! Criamos o nosso blog, Histórias e Glórias. Agora só falta vc abrir mais vagas p eu ser aceita na sua disciplina, né? Abço, Caroline Lucena. Meu grupo é Aline Araújo, Bianca Votto, Carlos José de Jesus Belém, eu e Maria Cristina Barros.
Olá Fran, vc precisa enviar o link do blog de vcs...e sobre tomar jeito...aonde que se vende...eh uma pinguinha...hahahaha...e para o pessoal da Histórias e Glórias...eu só vou linkar...quando tiver um post...alguns já estão linkados...lá no alto...Beijocas
Falaí Professor!!!
Bom, finalmente nosso blog está no ar, já com o 1º post:
http://estudodidatica.blogspot.com/
Pensei que não teria nada o que escrever, mas depois que comecei... cruz credo!!
Até terça então!
E ae professor de didatica, qria seu email pra entrar em contato, posso construir um blog sozinha???? Acho mais legal !!!rs
Na verdade eu já fiz isso, dá uma olhada!
bjs
Oi, achei seu blog pelo google está bem interessante gostei desse post. Gostaria de falar sobre o CresceNet. O CresceNet é um provedor de internet discada que remunera seus usuários pelo tempo conectado. Exatamente isso que você leu, estão pagando para você conectar. O provedor paga 20 centavos por hora de conexão discada com ligação local para mais de 2100 cidades do Brasil. O CresceNet tem um acelerador de conexão, que deixa sua conexão até 10 vezes mais rápida. Quem utiliza banda larga pode lucrar também, basta se cadastrar no CresceNet e quando for dormir conectar por discada, é possível pagar a ADSL só com o dinheiro da discada. Nos horários de minuto único o gasto com telefone é mínimo e a remuneração do CresceNet generosa. Se você quiser linkar o Cresce.Net(www.provedorcrescenet.com) no seu blog eu ficaria agradecido, até mais e sucesso. (If he will be possible add the CresceNet(www.provedorcrescenet.com) in your blogroll I thankful, bye friend).
To passando aqui para deixar o endereço do nosso grupo: Ana paula, Andressa, Dilma, Elaine, Fabiola, Patricia.
http://nosdehistoria.blogspot.com/
Até terça.
Professor vc foi ao congresso ou nao??
vai ter aula hj de didatica turma t5 et6.
abraços
zai..
falai Romeo, to passando aki pra saber como q eu faço pra conseguir aqueles textos, tipo Conto de escola - (ASSIS, Machado de) e O menino do Dedo Verde....,
http://camaleaomisterioso.blogspot.com/
Blog do grupo:
Adelaine Evaristo
Alberto Santos
Flávia Farias
Marcela Antunes
(e mais um que eu perdi o nome...)
Um abraço!
Estou enviando o endereço do nosso blog:
http://linhatemporal.blogspot.com
integrantes: Bianca Mandarino, Felipe Moreira, Eliseu, Vitor Neto Cabral e Claudio Mesquita.
Allah Akbar...rssss.
"Conversa com uma fotografia".
me fez parar no tempo lembrar das coisas maravilhosas que ja passei em minha vida. sempre que estou a procura de algo em casa;me deparo com aquela caixa de fotografias que me tras lembraças maravilhosas como: fotos da epoca do primário até o 2° grau, 1ª comunhão, passeios, carnaval ....
é sempre bom relembrar o passado.
ah, antes que eu me esqueça.
Segue o endereço do blog: http://wwwpensante.blogspot.com/
Participantes:
Alexandro Vieira
Elias Rangel
Um forte abraço .
Alexandro
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