quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Congo e a crise financeira

Eu não sei ao certo para o lado que o mundo está indo, para que estamos indo para o lado errado, isso estamos. E, para isso, não é preciso ir muito longe, é só procurar no google, ou mesmo ler alguns jornais que não se esquivem de noticiar algumas coisas. O Congo, por exemplo, está passando por uma grave crise social, pessoas estão sendo mortas, tendo que fugir de suas casas, e a coisa não é tão simples, é uma guerra étnica entre tutsi e hutus, aconselho assistirem ao filme Hotel Ruanda; a matança etnica parece que irá se repetir, e pasmem, nem um centavo para esses esquecidos, por lá não há nenhuma crise. A França poderá enviar alguns soldados, mas, os outros líderes não estão tocados com a situação, lá não há crise, a crise é a da bolsa de Frankfurt, de Londres, de Paris. As crianças que, não tem aplicações nas bolsas desses lugares, são as mais afetadas nesse momento, os crimes de violência sexual, ou, então, participação em milícias são os mais comuns.
Crise mundial, eu aprendi num tempo que crise é uma coisa importante para pensarmos aquilo que estamos praticando em nossas vidas, afinal uma crise propicia uma mudança de atitude, uma nova prática social, mas, entretanto, o que estamos vendo e vivendo demonstra, totalmente, o lado contrário. Essa crise demonstra que o mais importante para nós é o mercado, por mais que nossos discursos se irrompam para o social, para a ecologia, o que importa é o mercado, os bancos, as bolsas, e não as pessoas. Esses dias vi uma reportagem num jornal que é o exemplo de tudo isso. Um banco nacional vai liberar um montante de não sei quantos milhões para aquecer o consumo de automóveis. Para mim isso é um remédio paliativo para o que estamos vivendo, é como tratar a unha encravada quando o cérebro está morto. Não seria uma mudança em nossas maneiras de conduzir o mundo que, estariam pedindo socorro dessas práticas consumistas. Não seria a hora de investir em outras formas de nos conduzirmos pelas cidades. Talvez investir num serviço público de transporte coletivo decente. Talvez ao invés de valorizar o emprego que se sustenta na lógica de consumir, inventar um emprego que se sustente em outras lógicas. Investir não sei quantos milhões nas pessoas, e não em empresários, que, com certeza, quando estiverem sentados em seus gabinetes e suas mansões não estarão preocupados com as milhares de crianças na África que, também, estão numa enorme crise. E que, inexplicavelmente, não são acudidas pelos bancos nacionais e, imaginem, então os internacionais. Aliás esses "negros africanos" não são consumidores de nada, apenas de fome, miséria e morte. Crises são dilemas, maculam nossas certezas - sairei daqui e não me lembrarei de muitas coisas, talvez, e isso é uma assertiva, encontrarei na calçada da rua de minha casa, uma quantidade enorme de congoleses nas ruas do Brasil, congoleses que moram nas comunidades do Rio de Janeiro, congoleses que lutam pela educação pública, e não recebem nenhum centavo e estão em crise. A crise está nos seres humanos e não nas instituições.

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